Se você respondeu sim a alguma dessas perguntas, você precisa conhecer os conceitos de Capitalismo da Vigilância e Mercados de Atenção, que são fenômenos que marcam a economia digital e que têm implicações profundas na sociedade, na política e na cultura.
O Capitalismo da Vigilância é um termo cunhado pela pesquisadora ShoshanaZuboff, que define as práticas e estratégias adotadas por empresas de tecnologia para capturar e monetizar a atenção dos usuários, transformando-a em um recurso valioso.
Esse fenômeno se baseia na coleta massiva de dados pessoais dos usuários por parte das empresas de tecnologia, que são usados para alimentar algoritmos e sistemas de inteligência artificial. Esses dados são coletados por meio de diferentes interações dos usuários, como o uso de redes sociais, aplicativos, dispositivos móveis, entre outros.
A partir dessa coleta de dados, as empresas traçam perfis detalhados dos usuários e utilizam essas informações para direcionar anúncios personalizados, recomendar conteúdos específicos e até mesmo influenciar o comportamento dos usuários.
Você vem sendo influenciado? Pense bem…
Já o Mercado de Atenção é o ambiente digital onde ocorre essa disputa pela atenção dos usuários. Podemos citar como exemplo alguns ambientes específicos como: Youtube, Facebook, Instagram, TikTok, Linkedin, X e outros.
As empresas competem entre si para atrair e reter a atenção dos usuários, uma vez que a atenção se tornou um recurso escasso e valioso no mundo digital. O conceito por trás dessa mecânica, é que seus dados são vendidos para publicidade (empresas), com o interesse de te vender um produto ou serviço.
Quanto mais tempo os usuários passam em uma plataforma, mais dados são coletados e mais oportunidades de lucro são geradas. Nesse contexto, os Mercados de Atenção são impulsionados por estratégias que exploram gatilhos mentais como notificações, likes, compartilhamentos e recomendações personalizadas.
Um exemplo de Capitalismo da Vigilância e Mercado de Atenção é o Facebook, que é a maior rede social do mundo e que possui mais de 2 bilhões de usuários.
Além disso, o Facebook usa algoritmos para recomendar conteúdos que sejam mais relevantes e engajantes para os usuários, mantendo-os conectados à plataforma por mais tempo. No entanto, essas recomendações podem gerar efeitos negativos, como a polarização, a desinformação, a narrativa por um único ponto de vista, ou mesmo em um vício.
Outro exemplo é o TikTok, que é um aplicativo de vídeos curtos que se tornou um fenômeno global, com mais de 1 bilhão de usuários.
Da mesma forma, essas recomendações podem gerar efeitos negativos, como a exposição a conteúdos inadequados, a invasão de privacidade e a perda de produtividade, entre outros.
Segundo relatórios, as receitas globais das principais redes sociais e plataformas de vídeo devem crescer nos próximos anos, impulsionadas pelo aumento do número de usuários e do tempo gasto online.
A seguir, apresentamos os valores estimados de receita de algumas das principais empresas, em 2023, em bilhões de dólares:
Plataforma |
Receita em Bilhões de Dólares |
YouTube[1] |
30,4 |
Facebook e Instagram (Meta)[2] |
39 |
TikTok[3] |
120 |
LinkedIn[4] |
15 |
|
Em análise pela compra do Musk |
Diante desse cenário de Capitalismo da Vigilância e Mercados de Atenção, surge a necessidade de proteger os dados pessoais dos usuários e garantir os seus direitos.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrou em vigor em 2020, é a principal norma que regula o tratamento dos dados pessoais no país. A LGPD estabelece princípios, direitos e deveres para as empresas que coletam, armazenam, processam e compartilham dados pessoais dos usuários.
Ela também cria a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que é o órgão responsável por fiscalizar e aplicar sanções em caso de violação da lei. A LGPD visa garantir que os dados pessoais sejam tratados de forma transparente, segura e respeitosa, e que os usuários tenham controle sobre os seus dados e possam exercer os seus direitos, como o direito de acesso, retificação, exclusão, portabilidade, oposição e revogação do consentimento.
E aí, com sinceridade, você acredita que as Big Tech estão respeitando nossa LGPD?
O Capitalismo da Vigilância e os Mercados de Atenção são conceitos que explicam as dinâmicas e os impactos da economia digital na sociedade. Eles revelam como as empresas de tecnologia coletam e usam os dados pessoais dos usuários para capturar e monetizar a atenção dos usuários, gerando lucros, mas também riscos e desafios.
Por isso, é importante que os usuários estejam conscientes dessas práticas e que busquem proteger os seus dados e a sua privacidade, contando com o apoio da legislação e da fiscalização. Além disso, é importante que os usuários sejam críticos e seletivos em relação aos conteúdos que consomem e que busquem diversificar as suas fontes de informação e entretenimento, evitando a dependência e a manipulação dos mercados de atenção.
Finalizando, recomendamos um Filme/Documentário muito interessante sobre o Tema:
O Dilema das Redes (2020)
Este artigo foi escrito e elaborado por Reinaldo Jose de Sá Ribas Junior, advogado formado pela Universidade Positivo, pós-graduado em Direito Empresarial e Direito Privado, Tecnologia e Informação pela Ebradi (Escola Brasileira de Direito).